1991

A primavera, que não cheira a esperança, mas a memória. As pétalas voam, como se o próprio tempo tivesse decidido lembrar que o que parecia eterno há muito se tornou sombra. O ano de 1991 aqui não é apenas uma data, mas um estado: quando tudo é pela primeira vez, muito intenso, muito doloroso e, por isso, eterno.

Há nisso uma sensação de juventude, onde o riso encobre a solidão e a bondade se confunde com a necessidade de ser necessário. Tudo parece ter congelado no momento - na respiração, no olhar, naquele “sempre” que ninguém conseguiu manter. E, ainda assim, dessas pequenas rachaduras e palavras não ditas nasce a ternura. Não por alguém - pelo próprio fato de que naquela época estava vivo.