Un Poco

Cheira a gasolina, couro e algo muito pessoal - aquilo que normalmente não se diz em voz alta, apenas se acena com a cabeça, olhando para o chão. Aqui, a rua e a ternura vivem sob o mesmo teto: entre as palavras “fluxo” e “amo” - toda a vida, onde a amizade é mais importante do que o sobrenome, e a fidelidade é testada não pelo tempo, mas por um tiro.

No som - o chiado do motor e o calor da mão apoiada no volante. Aqui, as promessas não são guardadas no coração, mas no porta-luvas, ao lado do telefone sem senha e do maço de cigarros. O mundo é barulhento, duro, mas em algum lugar sob as camadas de bravata se ouve o que é mais real - quando a dor alheia ressoa como se fosse sua, e mesmo os caras mais durões sussurram “não desista” tão baixinho, como se tivessem medo que as paredes ouvissem.