Yo pensaba que me había tocado Dios

O sonho, que não quer desaparecer, prolonga-se para além da vigília. Nele, é possível falar com sinceridade, sem medo de parecer estranho entre os seus. Aqui, a fuga não é das sirenes da polícia, mas das próprias sombras, que se escondem mais profundamente do que qualquer beco.

A música ecoa, como se as palavras não se decidissem pela franqueza e se mascarassem em prolongados “uh”, como em um grito que congelou a meio caminho da garganta. Mas por trás disso há um desejo simples e obstinado: encontrar aquela pessoa e, finalmente, parar de fugir.

E nesse mantra insistente - “melhor morrer amanhã do que viver mil anos sem você” - não há nem pathos nem teatralidade. Soa como uma verdade cotidiana: como “acabou o sal” ou “a porta se fechou”. Só que sal sempre se pode comprar e portas se podem abrir. Mas sem esse “você” - realmente não há para onde ir.