STO TYSIĘCY ŁEZ

Às vezes, a metrópole não oprime com engarrafamentos, mas com o silêncio entre as janelas. Tudo parece estar em seu lugar - trabalho, ritmo, café para viagem - , mas milhares de imagens, como se não fossem suas, se aglomeram em sua cabeça. Flashes, aeroportos, alguém por perto, alguém que se foi - e agora a memória se transforma em um disco rígido sem espaço livre. Dá vontade de simplesmente desaparecer do mapa, capturar o céu de outra pessoa e sentir algo novamente, nem que seja um pouquinho. Porque o amor não é um contrato, mas um gole de ar após a tempestade. E mesmo que a cidade te conheça melhor do que você mesmo, ainda assim é possível desligar a luz, sair da rede e se permitir não ser forte por um tempo.