TA TO FRIO

A combinação do calor das ruas com a calma gelada - é assim que soa essa música. O baixo grave ressoa como o motor de uma motocicleta velha em um cruzamento, onde sempre há barulho e um pouco de perigo. Aqui, ninguém finge que tudo está bem: cada um sobrevive à sua maneira - uns brigam, outros ganham dinheiro, outros simplesmente observam os outros caírem. O ar cheira a suor, escapamento e autoestima, que não se vende nem por curtidas nem por marcas nos tênis.

O ritmo segue como os passos daqueles que conhecem o valor de suas cicatrizes. Aqui, o frio não vem do inverno - ele está na voz, na entonação, na certeza de que as opiniões alheias há muito foram descartadas. Quando se ouve frío, frío nos versos, não se sente indiferença, mas sim uma força que não precisa de calor. Não é um desafio, é uma constatação. O mundo faz barulho, mas no bairro tudo continua igual: barulho, fumaça e a própria verdade, pela qual não se pede desculpas.