Recordé

Às vezes, o passado não volta batendo na porta, mas com uma melodia que emerge suavemente das profundezas da memória. No começo parece apenas um som - e depois te atinge: cheiros, rostos, palavras que já se apagaram há muito tempo. E de repente, algo dentro de mim ressoa, algo que estava enterrado sob uma camada de afazeres, anos e justificativas.

Não há pathos aqui - apenas uma aceitação cansada de que tudo flui e desaparece, como um rastro na areia. O medo do escuro não é sobre as sombras, mas sobre o fato de que um dia pode não restar nem mesmo luz dentro de nós. Mas entre a dor e o perdão ainda ressoa aquela mesma melodia, onde vive o último grão de paz.