Café

Há algo nesta música que lembra a névoa da manhã após uma noite sem dormir. Quando o despertador toca fora de hora, apenas por pena - lembrando que a vida continua, mesmo que o café de repente perca o sabor. Parece que a pessoa está perto do limite da exaustão: quer desaparecer, mudar de cidade, de rosto, de nome... mas, em vez disso, apenas serve mais uma xícara e finge que está tudo sob controle. Ouve-se na voz uma resignação cansada - aquela mesma em que você já não luta mais contra a solidão, mas aprende a coexistir com ela. Quando as palavras sobre amor não soam como uma pergunta, mas como um eco de um quarto onde a luz se apagou há muito tempo. E ainda assim, há calor nisso - um calor tranquilo, humano, como o último gole de café frio que você ainda bebe por algum motivo.