Milano Baby

A cidade sibilava de superaquecimento, o asfalto fumegava, as janelas refletiam outras janelas e os pensamentos dispersavam-se como pombos na praça. Tudo parece ao mesmo tempo importante e sem sentido: chamadas, reuniões, curtidas, essas reviravoltas infinitas na "pista da vida" interior, onde sempre alguém está cortando a frente. Ela é como um navegador que só se perde quando ele está por perto. Onde o rugido dos motores se mistura com a batida do coração, e os sentimentos cheiram a gasolina e não ditos. Milão range os dentes, pica com mosquitos, promete o mar, mas enfia rolhas. E ainda assim, dessa agitação nasce uma atração estranha, um pouco nervosa, um pouco perigosa, como uma cena de uma série que ninguém quer assistir até os créditos finais.