Nie was gehört

A cidade respira gasolina e graves. Os néons refletem rostos que há muito tempo não dormem - apenas se movimentam, contam dinheiro, verificam telefones e prometem a si mesmos “só mais um pouquinho, e chega”. Tudo faz barulho, brilha, estala com a velocidade. Aqui não há acaso - todos sabem o valor de cada minuto e sabem manter a compostura, mesmo quando estão vazios por dentro.

O mundo parece feito de vidro e fumaça: brilha, mas corta. Em algum lugar entre gravadoras, códigos e “Gucci” esconde-se um desejo obstinado de sobreviver - bonito, alto, sem direito à fraqueza. E nesse brilho frio há seu próprio romantismo: quando, em vez de dormir, há a estrada; em vez de planos, há o instinto; e, em vez de futuro, há apenas luzes piscando à frente.