SUFRIR O MORIR

Por fora, tudo parece estar bem: andar firme, olhar confiante, até mesmo o sorriso não trai nada. Mas por dentro, é um museu de rachaduras, cada uma com uma placa dizendo “não toque, dói”. Aqui, o peso da lenda; ali, a memória da infância, onde teve que entender muito cedo que o silêncio é uma armadura. Parece que está vivo, parece que está se segurando, mas às vezes quer desaparecer apenas o suficiente para que deixe de ser difícil.

E, no entanto, você permanece. Sob a chuva, sob julgamentos alheios, sem sentença, mas com a sensação de que não há mais ninguém a quem se justificar. Você suporta a tempestade, não acredita em ninguém e, mesmo assim, não desiste. Porque mesmo que o coração esteja partido, ele continua batendo. Mesmo que nem sempre seja de acordo com as regras.